Ciência
Os melhores brasileiros
Com
base no banco de dados mais respeitado do mundo, VEJA descobriu
quem são os doze cientistas brasileiros cujos trabalhos são
os mais citados em publicações internacionais
Diogo Schelp
Edson
Vara
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THAISA
STORCHI BERGMANN,
48 ANOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
DO SUL, 1 674 CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: CIÊNCIAS ESPACIAIS
Sua
maior descoberta, um disco nuclear em uma galáxia,
ajudou a entender o funcionamento dos buracos
negros. Ela participou do descobrimento de uma
lei, utilizada por astrofísicos de todo o mundo,
que descreve o comportamento da poeira cósmica.
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O
princípio da "revisão pelos pares" é um dos pilares da ciência.
Ele determina que um traballho feito por determinado pesquisador
adquire caráter científico quando outros estudiosos atestam
seu valor. Simples. Quando uma experiência não pode ser reproduzida
em outros laboratórios, é considerada suspeita. Assim, falsas
descobertas são facilmente desmascaradas. Foi o que ocorreu
há alguns anos com a lendária "fusão a frio", que prometia gerar
energia barata e ilimitada fundindo átomos em temperatura ambiente.
O mesmo processo de revisão sepultou a idéia atraente da antigravidade,
pela qual se poderia fazer pessoas e objetos flutuar livremente
a poucos metros do solo. A revisão pelos pares é o que distingue
a ciência de outras atividades de observação e interferência
na natureza, como a astrologia e a alquimia. Na visão severa
do pensador britânico Karl Popper, morto em 1994, a recusa em
se submeter ao método científico colocaria a psicanálise e o
marxismo na mesma prateleira do empirismo astrológico. Posto
de pé por Galileu Galilei (1564-1642), o método científico,
com sua implacável lei da fiscalização pelos colegas, continua
muito atual. Hoje, esse controle de qualidade entre cientistas
tornou-se algo muito mais complexo e instigante.
O
impacto de uma descoberta sobre o mundo científico é medido
pelo número de vezes em que ela é citada por outros cientistas.
Esse processo tornou-se quase uma ciência exata. As revistas
científicas são indexadas em um banco de dados conhecido como
Essential Science Indicators (ESI), localizado fisicamente nos
Estados Unidos mas com acesso planetário via internet. Existe
1 milhão de periódicos científicos no mundo. Aqueles que realmente
são cruciais podem ser contados nos dedos das duas mãos (veja quadro).
O banco de dados do ESI, o mais respeitado internacionalmente,
arquiva e atualiza a cada dois meses 8 500 jornais e revistas
científicos. O grau de importância de uma publicação científica
se mede por seu efeito multiplicador. Ou seja, pelo número de
citações que um cientista obtém depois de ver seu trabalho estampado
nas páginas daquela publicação. Por esse critério, um biólogo
que consegue ver sua pesquisa registrada nas páginas da revista
americana Cell, especializada em biologia molecular e
genética, pode estar certo de que será citado, em média, 175
vezes. Com base nessa conta, o ESI produziu o que se chama de
"índice de impacto" das revistas. Outro índice mede o grau de
influência de determinado pesquisador somando o número de citações
mundo afora.
Alberto
César
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PHILIP
MARTIN FEARNSIDE,
57 ANOS, INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA
AMAZÔNIA (INPA), 539 CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: MEIO AMBIENTE
Desvendou a influência no efeito estufa
da emissão de gases causada pelo desmatamento
da Amazônia. Biólogo americano que vive há 26
anos no Brasil, Fearnside propôs uma maneira
original de calcular o custo da destruição da
floresta. |
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Utilizando
essa metodologia, VEJA fez a lista dos brasileiros com maior
impacto na ciência mundial. Para identificá-los, recorreu ao
banco de dados do ESI, computando suas citações e seguindo os
parâmetros aceitos pela comunidade científica para esse tipo
de seleção.
•
O critério básico utilizado para preparar a lista foi o de identificar
o cientista cujos trabalhos foram citados mais vezes. O levantamento
foi feito com os números disponíveis em julho.
•
Consideraram-se apenas os cientistas cuja produção principal
e mais recente foi feita enquanto estavam vinculados a uma instituição
brasileira – independentemente de sua nacionalidade ou país
de nascimento. Da mesma forma que se entendeu como ciência brasileira
a produção de estrangeiros radicados no Brasil e que devem à
cultura brasileira suas conquistas.
•
Pelo mesmo critério, foram retirados da lista os brasileiros
que trabalham exclusivamente no exterior.
Edson
Vara
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IVÁN
ANTONIO IZQUIERDO,
67 ANOS, PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO
RIO GRANDE DO SUL, 2 258 CITAÇÕES
ESPECIALIDADES: NEUROCIÊNCIAS E COMPORTAMENTO
Descobriu que a memória de curta e a de longa
duração ocorrem em lugares diferentes do cérebro
simultaneamente. Avançou no estudo da influência
da emoção e do estado de ânimo sobre a memória. |
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De
um grupo de 100.000 pesquisadores brasileiros, chegou-se a doze
nomes cujos trabalhos são referências internacionais em suas
áreas de atuação. Eles são autores das descobertas, teorias
e criações utilizadas por pesquisadores de todo o mundo para
produzir conhecimento e desenvolver novas tecnologias. São os
mais citados pesquisadores brasileiros, o que faz deles, no
critério do ESI, os de maior impacto na ciência mundial. Duas
mulheres se destacam. Uma delas é a astrofísica Thaisa Bergmann,
de 48 anos, com 1.674 citações, suscitadas por sua importante
descoberta em uma área ultracompetitiva da ciência, a que estuda
os buracos negros. A outra é a bióloga Mayana Zatz, de 56 anos,
da Universidade de São Paulo, que aparece com 1.375 citações
por suas pesquisas com enzimas responsáveis por uma doença grave,
a distrofia muscular.
As
histórias dos cientistas permitem traçar uma radiografia de
como se constrói uma vida acadêmica de sucesso no Brasil – e
também dão idéia dos problemas existentes no caminho do desenvolvimento
científico no país. Em comum, esses cientistas tiveram uma formação
educacional consistente na escola ou em casa, com os pais. A
maioria passou um período fora do país aperfeiçoando-se, fazendo
doutorado ou trabalhando em universidades. Eles participam ativamente
de congressos internacionais. Os que trabalham com ciência aplicada
costumam ser incansáveis na busca por parcerias com empresas
privadas, com o objetivo de transformar suas idéias em avanços
tecnológicos para a indústria ou em produtos e serviços para
a população. E todos são da opinião de que o cientista, além
de desenvolver novas teorias e tecnologias, deve passar para
a frente o conhecimento que adquiriu, ajudando a formar novos
especialistas.
Paulo
Vitale
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MAYANA
ZATZ,
56 ANOS, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 1 375 CITAÇÕES
ESPECIALIDADES: BIOLOGIA MOLECULAR E GENÉTICA
Descobriu a enzima responsável por um tipo de
distrofia muscular. Participou da descoberta de
seis genes ligados às doenças neuromusculares.
Também aperfeiçoou métodos de diagnóstico precoce
de distrofia e testes que permitem descobrir a
probabilidade de um casal vir a ter um filho com
a doença. |
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Se
há uma característica em comum a destacar, é a disposição de
exercer múltiplas tarefas em universidades públicas, onde todos
desenvolvem suas pesquisas. Nesse caso, significa conciliar
funções tão díspares como as de professor, relações-públicas,
secretário, tradutor e eletricista. Sim, porque em seus locais
de trabalho a simples troca de uma tomada queimada pode, muitas
vezes, demorar dias devido à burocracia, à escassez de verbas
e à indolência que acomete alguns servidores. Os brasileiros
que conseguiram se estabelecer entre os mais influentes cientistas
do mundo têm o mesmo salário de pesquisadores sem impacto internacional
algum. Ganham a mesma coisa por uma dessas cegueiras do meio
acadêmico que se perpetuam no Brasil: porque ocupam o mesmo
cargo hierárquico na universidade. No Brasil, o doutor que pesquisa
e dá aulas em uma universidade pública ganha em média 4.000
reais por mês – contra 20.000 reais nos Estados Unidos ou na
Europa. "No Brasil, o sistema de pesquisa não premia quem trabalha
e não pune quem não trabalha", diz Jairton Dupont, o destaque
brasileiro na área de química. Dupont atribui boa parcela de
seu sucesso à parceria que seu laboratório na Universidade Federal
do Rio Grande do Sul faz com a indústria local.
A
colaboração entre a universidade e a indústria não é comum no
Brasil. Nos Estados Unidos, o campeão em publicação de artigos
científicos, 72% dos pesquisadores trabalham em empresas. No
Brasil, essa proporção é de apenas 11%. Dessa forma, é mais
difícil por aqui transformar o conhecimento científico em riquezas
e empregos. As instituições públicas que concentram a produção
científica dependem do dinheiro dos governos federal e estaduais,
que quase sempre dão prioridade para outras despesas. O gasto
total em fomento à ciência no Brasil não ultrapassa 1% do produto
interno bruto (PIB). Os Estados Unidos (1º do ranking de produção
científica) e a Coréia do Sul (20º lugar) gastam o equivalente
a 3% de suas economias em pesquisa. Cada um dos doze cientistas
selecionados para esta reportagem sabe de cor os nomes de doutores
que não conseguiram o espaço que desejavam para fazer pesquisa
no Brasil e se mudaram definitivamente para o exterior.
Edson
Vara
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JAIRTON
DUPONT,
45 ANOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE
DO SUL, 1 646 CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: QUÍMICA
Desenvolve líquidos iônicos, substâncias utilizadas
como solventes ecologicamente corretos na indústria
petroquímica. O trabalho de Dupont, feito em
parceria com a Petrobras, ajudou a colocar o
Brasil em segundo lugar entre os países mais
avançados nessa área da química. |
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O
lado ruim dessa revoada é que a formação desses especialistas
custou caro ao país (cada doutorado sai por 200.000 reais anuais).
Eles poderiam estar ajudando a formar novos quadros aqui, além
de ser aproveitados para incrementar a inovação tecnológica
nacional. Isso explica por que os Estados Unidos tentam atrair
cientistas estrangeiros com salários altos. A parte boa é que
muitos dos cientistas brasileiros que atuam no exterior servem
de ponte entre instituições nacionais e estrangeiras, levando
a parcerias para pesquisas internacionais, o que é ótimo para
aumentar nossa produtividade científica. Alguns desses doutores
acabam voltando para o Brasil, ainda que depois de muito tempo,
e trazem consigo muitos anos de experiência em pesquisa e ensino.
Há também pesquisadores estrangeiros que se fixam por aqui,
contribuindo com seu conhecimento. O americano Philip Martin
Fearnside, destaque por seu estudo da influência do desmatamento
da Amazônia no efeito estufa, mudou-se para o Brasil em 1978.
O médico Iván Izquierdo, que avançou no entendimento da memória
humana, e o matemático José Mário Martínez, da Unicamp, vieram
da Argentina nos anos 70.
Paulo
Vitale
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PAULO
EDUARDO ARTAXO NETTO,
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, 50 ANOS, 656 CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: GEOCIÊNCIAS
É o autor de um trabalho pioneiro sobre o impacto
das emissões de queimadas das florestas no clima
e na poluição do Brasil e da Terra. A Nasa quer
implementar em diversas capitais do mundo o
método de controle de poluição via satélite
desenvolvido pela equipe de Netto. |
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Os
doze cientistas de repercussão internacional que ilustram esta
reportagem são a prova também de que muito se avançou na promoção
da ciência básica no Brasil. O sistema de pós-graduação expandiu-se
bastante na última década, aumentando consideravelmente a quantidade
de especialistas que fazem pesquisa. Em 1990, formavam-se 1.400
doutores por ano no país. Hoje, esse número saltou para 8.000.
Isso fez a participação do Brasil na produção científica mundial
triplicar no mesmo período. Na comparação global, o desempenho
brasileiro é modesto, embora superior a outros cotejamentos
internacionais. Para citar um exemplo: a participação da economia
brasileira no comércio mundial é de apenas 0,8%. Já a ciência
brasileira contribuiu com 1,5% dos mais importantes artigos
publicados nos periódicos internacionais. Os Estados Unidos,
de longe o país mais produtivo, são responsáveis por mais de
30% das publicações relevantes. Entre os 31 países que, juntos,
contribuem com 98% da produção científica tecnológica, o Brasil
aparece em 23º lugar. Os 162 países restantes (entre os quais
todos os latino-americanos) somam 2%.
O
ramo do conhecimento nacional que abocanha a maior fatia da
produção mundial de artigos em revistas especializadas é o das
ciências agrárias. Pelos critérios do levantamento de VEJA,
não houve um pesquisador que se destacasse individualmente nessa
área. Isso porque os agrônomos, biólogos, veterinários e zootecnistas
que atuam nesse campo formam uma massa homogênea de especialistas,
com uma produtividade constante, consistente, mas bastante difusa.
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada
ao Ministério da Agricultura, é um dos pilares da eficiência
brasileira nas ciências agrárias. Criada na década de 70, a
Embrapa vem desenvolvendo técnicas de melhoria da produção rural
com resultados inequívocos e admirados internacionalmente.
Eduardo
Marques/Tempo Editorial
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JOÃO
BATISTA CALIXTO,
55 ANOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA,
1 028 CITAÇÕES
ESPECIALIDADES: FARMACOLOGIA E TOXICOLOGIA
Desenvolveu e patenteou remédios fitoterápicos
contra a inflamação e a dor, com base em extratos
e compostos ativos de plantas. Participou de
um experimento em que a retirada de um gene
deixou a cobaia resistente à dor. |
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Paulo
Vitale
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ANÍBAL
EUGÊNIO VERCESI,
58 ANOS, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 1
670 CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: BIOQUÍMICA
Participou das pesquisas que mudaram alguns dos
conceitos básicos sobre a mitocôndria, a usina
de energia das células. Aprofundou os estudos
que relacionam a atividade da mitocôndria à morte
celular, com aplicação no desenvolvimento de drogas
contra o câncer e doenças imunológicas. |
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Oscar
Cabral
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CARLOS
EMANUEL DE SOUZA,
51 ANOS, LABORATÓRIO NACIONAL DE COMPUTAÇÃO CIENTÍFICA,
389 CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: ENGENHARIA
Desenvolveu técnicas eficientes de controle automático,
que são aplicadas em pilotos automáticos de aviões
e em satélites. Trabalhou durante doze anos na
Universidade de Newcastle, na Austrália, um dos
mais reputados centros de automação do mundo. |
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Oscar
Cabral
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ALBERTO
FRANCO DE SÁ SANTORO,63
ANOS, UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO,
3 833 CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: FÍSICA
Participou da equipe internacional que, pela primeira
vez, em 1995, provou a existência do top quark,
o mais pesado de todos os tipos de quarks, partículas
do núcleo do átomo. Santoro foi convidado para
fazer parte da pesquisa pelo americano Leon Lederman,
ganhador do Prêmio Nobel de Física. |
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Cláudio
Rossi
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ELSON
LONGO,63
ANOS, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, 832
CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: CIÊNCIAS MATERIAIS
Desenvolveu um filtro de energia elétrica (utilizado
nos postes de luz) com o dobro da vida útil dos
convencionais. É um raro exemplo de pesquisador
brasileiro que transforma ciência em produto.
Trabalha também com nanotecnologia, desenvolvendo
filmes finos, usados em memórias de computador. |
|
Paulo
Vitale
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JOSÉ
MÁRIO MARTÍNEZ,
56 ANOS, UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS, 247
CITAÇÕES
ESPECIALIDADE: MATEMÁTICA
Desenvolveu um novo método para resolver problemas
matemáticos mais rapidamente e sem precisar de
computadores poderosos. O método pode ser aplicado
em cálculos de física, química, engenharia e medicina.
|
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AS
CHAVES DO SUCESSO
Conselhos
dos doze cientistas desta reportagem para quem
quer se destacar em carreiras competitivas
1.
Leia muito e de tudo – Não apenas livros
técnicos. Leia romances, contos e poesia. Eles
ajudam a desenvolver uma visão plural da vida.
2.
Exercite a curiosidade – Ela é o primeiro
degrau de todas as descobertas.
3.
O terceiro idioma – Ler, escrever e falar
inglês é básico. A diferença começa com o aprendizado
de uma terceira língua.
4.
Tenha base sólida – As ciências básicas,
como a física, a química e a matemática, alicerçam
todas as outras carreiras.
5.
Escolha bem – A melhor escola nem sempre
é a mais conhecida e famosa. Escolha entre as
que têm professores mais atuantes.
6.
Pesquise sempre – As bolsas de iniciação
científica dão chance de começar a pesquisar
ainda na graduação. Aproveite-as.
7.
Escolha suas companhias – Se quiser ser
cientista, conviva com cientistas. Freqüente
os laboratórios e centros de pesquisa mais produtivos
de sua faculdade.
8.
Dedique-se – Vale a mais famosa equação
de Einstein: sucesso = 10% de talento + 90%
de suor.
9.
Tome a iniciativa – Não se satisfaça com
o que o professor ensina. Busque mais informação.
Todo bom cientista é um autodidata.
10.
Mire no exterior – O isolamento mata a pesquisa.
A troca de informações é uma das chaves do sucesso.
11.
Faça a diferença – Escolha a área de atuação
em que seu trabalho possa se destacar.
12.
Busque a visão universal – O cientista tende
a se especializar cada vez mais cedo. Isso é
inevitável, mas é um erro fatal fechar-se a
outras áreas da pesquisa. |
|
O
ÍNDICE DE IMPACTO
O
impacto de um artigo científico é medido pelo
número de citações que dele são feitas por outros
pesquisadores em revistas internacionais. Essas
revistas, por sua vez, também são classificadas
pelo número de citações que suscitam quando
publicam determinado artigo. Por esse critério,
a revista Cell (célula, em inglês) é
uma das mais impactantes do meio científico,
pois cada artigo publicado por ela é citado,
em média, 175 vezes. Abaixo, as revistas científicas
mais conhecidas e seu respectivo índice de impacto
– ou seja, o número de vezes que cada artigo
publicado nela é citado.
PUBLICAÇÃO |
CITAÇÕES |
BIOLOGIA
MOLECULAR E GENÉTICA |
|
Cell
|
175 |
Nature
|
124
|
Science
|
108 |
FÍSICA |
|
Science
|
77
|
Nature
|
70
|
Physical
Review Letters |
25
|
QUÍMICA
|
|
Nature
|
97 |
Science
|
83
|
Proceedings
of the National Academy of Sciences
|
31 |
CIENCIAS
ESPACIAIS |
|
Nature
|
48
|
Science
|
32
|
Astrophysical
Journal Supplement Series |
26 |
FARMACOLOGIA
E TOXICOLOGIA |
|
Nature
|
152
|
Proceedings
of the National Academy of Sciences
|
73 |
Molecular
Pharmacology |
25
|
NEUROCIÊNCIAS
E COMPORTAMENTO |
|
Science |
137 |
Nature
|
137
|
Neuron
|
70
|
|
|
A
IRRELEVÂNCIA DO SOCIAL
Raul
Junior |
Scheinkman:
entre os 250 economistas mais citados |
Duas áreas da ciência brasileira têm repercussão
internacional insignificante: ciências sociais
e economia. A explicação oficial é que os principais
sociólogos, historiadores, antropólogos e filósofos
brasileiros não têm tradição em produzir trabalhos
de teoria geral, que possam ter aplicação universal,
limitando-se a reflexões locais. Por sua vocação
paroquial, a produção sociológica brasileira
e sua historiografia atraem a atenção apenas
dos estrangeiros que se especializaram em estudar
a realidade brasileira – os chamados "brasilianistas".
O mesmo vale para os estudos realizados por
economistas brasileiros. Como o Brasil tem um
papel de coadjuvante na política e na economia
mundiais, o interesse pelas obras produzidas
no Brasil é pequeno em comparação com a atenção
despertada pela produção científica nacional,
por exemplo, nos campos da astrofísica ou da
matemática. "Lemos muito mais trabalhos sobre
a França do que os franceses lêem sobre o Brasil",
diz o sociólogo Simon Schwartzman, presidente
do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade,
do Rio de Janeiro, e autor do livro Um Espaço
para a Ciência – A Formação da Comunidade Científica
Brasileira.
Há
quatro anos, Schwartzman fez uma enquete com
cientistas sociais brasileiros para saber quais
eram os autores nacionais mais representativos
da área. Entre os nomes citados estavam clássicos
como Gilberto Freyre – que escrevia sobre a
relatividade cultural nos anos 30, quando na
academia francesa ainda se ensinava a teoria
da superioridade racial – e alguns autores contemporâneos,
como Roberto DaMatta. Todos têm o Brasil como
tema de seus estudos. A exceção da lista é Fernando
Henrique Cardoso, que, muito antes de ser presidente,
escreveu Dependência e Desenvolvimento na
América Latina, uma obra de aplicação mais
universal. "Não por acaso, Fernando Henrique
é o sociólogo brasileiro vivo mais conhecido
no exterior, ainda que se discorde das teses
do livro", diz Schwartzman.
Os
estudiosos que conseguem obter um reconhecimento
internacional nas áreas de ciências sociais
e economia normalmente são aqueles que trabalham
ligados a instituições estrangeiras, o que lhes
permite se dedicar mais a teses conceituais
ou de teoria geral. O brasileiro José Alexandre
Scheinkman, professor da Universidade Princeton,
nos Estados Unidos, figura entre os 250 economistas
mais citados do mundo, segundo o Essential Science
Indicators (ESI), o banco de dados americano
que estabelece o ranking dos cientistas. Para
se ter uma idéia de como as ciências sociais
brasileiras são voltadas para o próprio umbigo,
menos de 10% dos trabalhos brasileiros em áreas
como história, direito, sociologia, lingüística
e ciência política figuram no ESI. Em parte,
isso se deve ao idioma, pois o banco de dados
ignora o que não está escrito em inglês. Pela
pouca representatividade internacional nessa
área, as ciências sociais não foram incluídas
no levantamento dos cientistas mais relevantes
do Brasil feito por VEJA. |
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Fonte de Informação:
Revista Veja On-line |